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Todos temos um -ou vários- mortos no guarda-roupas. (Reflexões plutonianas de meia-noite)

  • Foto do escritor: Jorge Musumeci
    Jorge Musumeci
  • 24 de abr. de 2024
  • 5 min de leitura

Quarta-feira 24 de abril de 2024 às 00:45


Dentro da abordagem astrológica que pratico e exponho no meu conteúdo - articulada à Psicanálise e aos estados transpessoais da consciência a partir de diversas disciplinas práticas - o que comumente se conhece como "a sombra escorpiana" é esse material psíquico que está aparentemente excluído da consciência. Tudo aquilo que em Câncer (Casa 4) (Primeira infância, raízes emocionais, afetividade primária, núcleo familiar, em outros termos, tudo aquilo que deu origem à estrutura subjetiva), não foi assimilado por ser "pesado", por doloroso, traumático, de difícil digestão, turvo, tóxico, fica excluído e será esse material o que constitui Escorpião (Casa 8).

 

Plutão, co-regente de Escorpião, está associado à "morte e ressurreição", à "destruição e transformação". Por serem essas forças excluídas da consciência, teremos uma rígida resistência a assimilar esse material, então, não vamos querer ter contato com isso, pois atenta contra a própria aparente estabilidade (Touro, signo oposto a Escorpião). Ninguém quer se encontrar com os restos fósseis do que está escondido na consciência. Ninguém quer descobrir que o morto que fede no guarda-roupas foi a gente mesma que colocou em algum momento da própria pré-história. E se não, perguntem a quem já passou, ou está passando por um trânsito de Plutão à Lua natal, pelo Ascendente ou pelo Sol. A pessoa, majoritariamente, padece desses trânsitos. Dificilmente os aproveita. Foge. Resiste e evita. Encontrando, por destino - oh eureka - aquilo do qual estava fugindo. Será para justificar com narrativas atuais o que já nem sequer se lembra de onde vem? Será por puro gozo e pulsão de morte, que a pessoa repete essas mesmas situações de sofrimento uma e outra vez?

 

Agora é o morto que bate a porta por dentro do guarda-roupas, cada vez mais forte, e você talvez esteja fazendo de tudo para não abrir. E os incensos não dão conta já do que por dentro fede. Você precisa abrir a porta, pois a transformação só é possível após encarar aquilo que você ali colocou. Evitar a transformação abre o espaço para a destruição. E todo esse acúmulo de emoções reprimidas retorna de formas mais perversas e destrutivas, manifestando-se em realidades indesejáveis.

 

Mas do que falamos, quando falamos de transformação? A transformação acontece por si só? Pelo simples fato dessas emoções antigas emergirem e você "estar num processo"? (frase essa que atualmente se usa para seguir se escondendo da existência concreta e justificar a própria fuga). A transformação acontece quando fazemos um esquisito culto à dor? E “se acontece, o universo quis assim” - frase absolutamente patética que evidencia, mais uma vez, que você não está nem minimamente afim de iluminar o que de sombra subjaz por trás das aparentes formas concretas. E a culpa é do outro, da realidade, das “injustas” circunstâncias. E essa atitude automática de projeção do que é próprio, fora, o único que produz é uma repetição inercial do próprio carma, muitas vezes, até a morte. Sim, em muitos casos, para o ego é preferível se encaminhar à destruição total, do que à autorresponsabilidade e transformação.

 

Veja bem, primeiramente, para termos uma compreensão certa, devemos ver cada fase zodiacal em contexto, onde cada dimensão, cada signo está em correlação sistêmica com o resto dos signos que constituem o processo zodiacal - seja de maneira linear (um signo após o outro) ou simultânea (todas as fases fazendo “parte” de um processo em simultâneo e em diferentes níveis de expressão). Se vemos linearmente, Escorpião vem após Libra, pois se ele estivesse antes, quem casaria? Você imagina ver de vez, aquela sombra que o outro esconde? E a sua própria, refletida no outro, ali, na primeira cita, no primeiro encontro?

 

Se fossem evidentes as especulações e interesses obscuros que habitam, indefectivelmente, em cada sujeito e que se esconde por trás de cada relação, antes de que haja possibilidade de vínculo, você acha que o vínculo seria possível?

Escorpião antecede Sagitário, pois seria possível uma real expansão de consciência sem passar a recuperar e integrar esse próprio material esquecido e tão importante, para dar sentido consciente ao próprio desejo (Marte, antigo regente de Escorpião.)? É possível ser mestre de si mesmo (Sagitário) sem antes ter contato com a própria porcaria que subjaz por trás das nossas máscaras?

 

A transformação só é possível após o minucioso e dedicado análise do cemitério que há por baixo dessa casinha de papel que temos construído para suportar, aparentemente, essa imensidão caótica que chamamos vida. Isso dá conta de porque muitas "práticas" e "terapias" que se vendem atualmente como aparentemente milagrosas, baseadas na autossugestão, sem sustento teórico nem clínico, tarde ou cedo, falham. Já que um verdadeiro processo de transformação, que não é milagroso, nem fácil, nem muito menos agradável, não é algo que esteja sob o nosso controle e que se resolva só com autocuidado, já que esse material reprimido não é de fácil acesso consciente. É preciso a intervenção de quem já tenha certo conhecimento de como funcionam essas dinâmicas psicológicas e tenha atravessado algumas tempestades do tipo; não por esses mal chamados terapeutas que fizeram um cursinho de fim de semana para encher o seu currículo narcisista e se sentir com mais "saber" que os outros, menos merda do que no fundo acha que é.

 

Então, fica a dica, leitor, disponha o espaço para uma verdadeira transformação, isso é possível a partir de um decidido investimento de tempo e energia. Dedicação, disciplina, perseverança, honestidade consigo mesmo. Deixe a esperança para os doentes que acham que a sua cura virá de fora se fizerem o que o Outro manda, pois a entrega ao processo é agora, não há salvação após esse momento, pois antes e depois desse instante não tem nada.

 

Durante os próximos dez dias, aproximadamente, estaremos no contexto qualitativo dessa lua cheia no signo de Escorpião, onde será possível -para quem esteja disposto a abrir o espaço necessário dentro de si para ver- ter contato visceral com o próprio material psíquico inconsciente. A atitude que fará a total diferença na hora de fazer esse espaço as próprias profundezas será uma atitude neutra, por fora de julgamentos, por fora da dualidade mental, sem interferências voluntárias, optando pela não-identificação com esse material emergente, evitando se apavorar com os próprios sentimentos e propostas da mente, já que tudo isso que você evita fazer consciente faz parte constitutiva de você. (O texto pode ter erros ortográficos já que a minha língua mãe não é o português, mas isso não dificulta o entendimento da mensagem e propósito do texto, agradeço a sua compreensão) Jorge Musumeci Facilitador de Renascimento (Rebirthing - Respiração Consciente e Conectada) Consultor Astrológico com orientação Psicanalítica e Transpessoal. Bodhisattva Soto Zen da Kosen Sangha.

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